quinta-feira, 18 de março de 2010

O Petróleo é nosso ?

O "royalties" do petróleo no Rio de Janeiro, é a mais recente insanidade cometida pelos nossos estimáveis políticos.
A aprovação da emenda ao projeto de lei, de autoria do Deputado Federal Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) se trata de um ato bárbaro, tamanho o aviltamento ao qual será submetido o Rio de Janeiro. O fato de ter sido proposta por um Deputado do RS é particularmente irônica, se lembrarmos da Revolução Farroupilha. A revolta e a guerra que se seguiu foram uma resposta daquele Estado ao então alegado aviltamento que sofria do Império, uma vez que produzia muito, contribuia com muito, mas tinha seus produtos muito taxados e recebia pouco de volta da Coroa.
O resultado de tamanha injustiça é o afloramento das paixões, a divisão da nação, o enfraquecimento da Federação e da soberania nacional. Nas ruas fala-se até em movimento separatista. Pois o Senhor conseguiu, Deputado, prestou um grande desserviço ao país! Agora vemos cariocas contra paulistas, gaúchos, mineiros e todos mais... A semente do ódio foi lançada agora entre os Estados, como se já não bastasse aquelas que muitos procuram semear entre brancos e negros, brancos e pardos, pardos e negros, ricos e pobres, egressos de escola pública e egressos de escola particular, com teto e sem teto, direita e esquerda, militares e guerrilheiros, etc. Parabéns, Excelência! Temos agora mais um critério para tentar dividir e desunir o nosso povo: Com e sem royalties?.
Bem, o Senador Cristóvan Buarque foi questionado sobre o fato de a Amazônia dever ou não ser internacionalizada, uma vez que seu patrimônio em biodiversidade é tão vasto e importante que não pode ser apenas do Brasil; de fato se trata de um patrimônio de todo o mundo. A resposta foi que se usássemos este raciocínio também deveríamos internacionalizar o petróleo do Oriente Médio e todo o patrimônio cultural europeu, incluindo museus e palácios, uma vez que são patrimônios igualmente importantes para toda a humanidade. Assim, acredito que o Senhor Ibsen não se importaria se usássemos o seu raciocínio para repartir o bolo de outros Estados também. Por que não dividirmos os lucros da extração de minérios de Minas Gerais, da produção do parque industrial de São Paulo e da pecuária do Rio Grande do Sul entre todos os Municípios e Estados da Federação? O detalhe mais sórdido é que grande parte dos frutos do petróleo já não fica no Rio, uma vez que o ICMS em um episódio de rara exceção não é recolhido na fonte, mas sim no destino. Além disso, já havia um modelo de distribuição dos royalties. Ou seja, não existe um maniqueísta egoísmo fluminense.
Porém, como o cretinismo não tem limites, isso tudo não é suficiente. É preciso lesar o Rio, causar danos visíveis, saquear mesmo... Então propõe-se mudar o rateio dos royalties de modo que o impacto no Governo do Rio de Janeiro já comece com uns 5 bilhões de reais a menos. Do outro lado o ganho em muitos lugares da Federação será pífio... é como pegar o prêmio da MEGA SENA acumulada e distribuir entre todos os apostadores. Como li em uma carta de um leitor a um jornal esta semana:
o mal causado a um será infinitamente superior ao bem causado a todos.

Agora só resta esperar por um pouco de lucidez do Senado (HAHA) ou do Presidente Lula (HAHAHAHAHAHA), pois a esperança é a última... vocês sabem o resto.