quarta-feira, 16 de março de 2011

Sala vazia.
Observo o retrato na parede: Fotografia amarelada pelo tempo, homens amarelados pela vida.
O pó se acumula em toda e qualquer extremidade.
O ópio do cigarro em meus dedos que remete a uma certa nostalgia -
não de um passado cheio de eco, mas do que ameacei ser um dia.
Abro a janela e deixo a lua pratear minha mão.No exato momento que escrevo cai uma gota de chá no papel.Me distraio, cai também uma cinza.
O céu me assiste e acompanha a sequência: Chá, cinza, lágrima, papel manchado e saudade.
Escritora da minha própria solidão, penso.Escuto no rádio Os botões da blusa que você usava e meio confusa eu desabotoava.Outra lágrima que pesa, outro vazio.
Mais um ciclo se repete: Chá, cinza, lágrima, papel manchado e saudade.
Me deito e mais uma vez saudade.Só saudade latejando em mais um dia que não durmo.
O que importa? O céu continua brilhando.